quarta-feira, 31 de agosto de 2016

SEXO, NAMORO OU AMIZADE entre homens

Você busca relacionamento com outro homem com qual finalidade: encontro social; aplacar sua solidão; namoro; aventura sexual; par amoroso, ou conjugalidade? Nem todos querem a mesma coisa em se tratando de relacionamento entre homens. 
Você sabe o que quer? Sua estratégia é clara, isto é, seu comportamento está direcionado para seu objetivo? Seu par também sabe o terreno que está pisando? 
Quando encontra alguém que te interessa qual é sua atitude
PREDADOR - ataca logo para não perder a transa;
DEPRIMIDO - se frustra no primeiro olhar porque todos são promíscuos; 
PRESA - se apaixona e quer casar;
CAÇANDO POKEMON - procura, caça, encontra e coleciona; 
INTELECTUAL - conversa muito e tenta estabelecer regras que assegurem a posse, a fidelidade; 
MASOQUISTA - adora se fazer de capacho para fazer ele se apaixonar por você;
SÁDICO - seduz, usa e descarta, procurando não se apegar; 
FALA, MAS NÃO QUER - enrola, enrola e não sai da moita, dizendo que sexo só depois da garantia do afeto;
RAPUNZEL - fica horas à procura do príncipe encantado;
MINHACASAMINHAVIDA - acasala, casa e vive feliz para sempre.
 
Você se identifica com algum ou alguns desses tipos?
Quando homens que têm envolvimento homoafetivo param para conversar e pensar sobre o relacionamento amoroso entre homens a primeira questão, e que se converte num impeditivo para irem adiante quando se sentem envolvidos, é que "homens são promiscuos, não querem levar a sério um relacionamento; homens são caçadores e não conseguem ser fiéis". Mas será que isso basta para justificar dificuldades e frustrações amorosas? Com esse pano de fundo buscamos entender um pouco mais os homens e suas relações com o mesmo sexo. 
Falar, discutir, pensar em sexo é mais fácil. Mobiliza muito e traz para os homens uma reação mais imediata, fácil, visceral. 
A busca da satisfação física continuada com parceiros atraentes e potentes se revela o sonho de consumo de muitos. Buscam o gozo pleno e a eterna satisfação, sempre.
Freud, entre outros psicanalistas, já dizia lá atrás que essa é a energia primária instintual com a qual nascemos, que quando criança é prevalente, mas que a socialização, o desenvolvimento e os afetos que construímos vão engendrando adultos com outras demandas também importantes e com um ID menos exigente.
Ainda bem!
Sim, isso não é novidade para nós e, descontando especificidades, dificuldades e maiores e menores fixações nessa área mais física, sexual, do que é ser homem, concordamos que apenas isso é fácil e é pouco.
Quando se trata da sair à procura de parceiro por satisfação física e sexual, com maior ou menor grau de facilidade de cada abordagem (ou de cada abordador), os homens vão à luta e com frequência atingem seu objetivo.
Hoje, talvez a facilidade dos aplicativos e do anonimato que uma grande cidade oferece, a questão do prazer físico não é necessàriamente um problema para homens.
Quando o objetivo é falar de relações amorosas, de namoro entre homens, a discussão se torna extremamente ampla. O par perfeito é o grande sonho, que seja o grande amor, que o mantenha sempre envolvido, animado, arrebatado, seduzido, atraído, apaixonado, mas que também não iniba sua ânsia de ser homem sexualmente ativo e viril.
Há um elevado nível de expectativa de satisfação amorosa plena, talvez tão plena quanto a busca do prazer sexual absoluto: o amor compartilhado, plenamente correspondido, a alma gêmea, companheiro para tudo e a qualquer hora.
Sim, “e quem não quer isso?”, poderíamos dizer!
Muitos confiam e acreditam nessa possibilidade, sem voar muito ou viver apenas no sonho; eles sabem que essa plenitude pode ser experimentada numa experiência amorosa concreta, verdadeira. Alguns homens vivem isso de uma forma dinâmica e satisfatória porque estão enamorados e envolvidos com pessoas com quem se sentem plenos e vivos. A experiência amorosa satisfatória não é um estado de espírito estabelecido, permanente e tranquilo. É um movimento propiciado pelo relacionamento mantido com quem se gosta. 
Lembrando outra vez da velha psicanálise...quem não quer aquele estado permanente de um bebê plenamente tranquilo, alimentado e satisfeito? Mas a vida é um movimento e outros momentos de fome, de dor e de crescimento surgem para serem novamente atendidos, satisfeitos, apaziguados....
Nesse movimento da vida dos afetos, dos amores e dos desejos, integrar todas as demandas com o novo jeito de ser homem, pai, namorado, amante...pode ser tarefa hercúlea.
Mas, diríamos que pelo visceral grau das demandas desses dois aspectos dos homens - o sexual e o amoroso - enquanto eles se mantiverem atentos ao que querem, ao que buscam, isto poderá certamente ser encontrado! O desafio seria cada um olhar para si e descobrir como lidar com esses dois aspectos em tão elevado grau de expectativa. 
Os homens que se mantém em relacionamento homoafetivo se referem a um desconhecimento das regras vigentes nesse setor. Cada faixa etária, cada grupo, quando procura quem lhe atrai o faz sob determinados códigos. Para um grupo de homens e pais que se lançam na vida homossexual mais tardiamente, a desatualização quanto à funcionalidade de regras válidas para aproximação de seus iguais pode relegá-los por algum tempo ao cômodo, porém traiçoeiro, uso do sexo pago (ou não) fácil, fugaz.
Os tipos de "jogo de atração" ou de sedução entre os homens é também outro ponto a se refletir. Seriam válidas as mesmas regras envolvidas num relacionamento heterossexual? Buscar um parceiro que é homem exige de um homem alguma atitude específica? Um desafio para os homens é descobrir como funciona o "jogo entre homens", se quiserem jogar direito e não se machucar.
Outro grande desafio também é trazer para sua parceria amorosa, na relação que conquistou e vive, os mesmos jogos sexuais que o satisfazem quando não tem parceiro fixo. Querer perpetuar na relação com o parceiro aquilo que era obtido da variedade dos encontros sexuais parece ser o desejo de muitos, porém requer bastante empenho dos envolvidos na manutenção da "eterna chama". 
Encontrar alguém que tenha projeto similar, que busque na parceria amorosa algo semelhante ao que você quer para si, parece um desejo não muito fácil de ser atingido entre homens, bem como nos casais em geral. O código estabelecido pelo casal exige ou não pacto de fidelidade? A relação é aberta? Há reciprocidade no envolvimento? O que você espera da relação é compartilhado e complementado pelo outro?  Relações igualitárias, com igual comprometimento dos envolvidos, na qual um não precisa se submeter aos desmandos do outro, que se impõe como o que tem poder pode ser o sonho de muitos. Entre homens essa  pode ser uma parceria bastante almejada e promissora, embora não exatamente a unica possibilidade satisfatória e saudável.
Muitas coisas para ficar avaliando! Melhor deixar seguir, dizem alguns, porque tudo é sentido. Se não está valendo a pena precisa saber colocar um ponto final, para não trazer prorrogação com sofrimento desnecessário. 
O grande medo? O de adoecer pela excessiva troca de parceiros; medo de se machucar outra vez e nunca mais se entregar para um relacionamento; medo da solidão, da impotência, do envelhecimento.... Medo de não encontrar alguém. Medo de desistir porque é difícil, de se satisfazer com menos, de se acomodar...
Tudo é de certa maneira ponderável, e assim os homens também referem que "quando você se sente amado, quando também está amando não tem medo de envelhecer, de ficar impotente, de não ter mais como fazer sexo...", pois parece existir muito mais coisas importantes e satisfatórias numa relação amorosa entre homens!
Não seria essa afirmação a mais pura expressão do elevado nivel de expectativa projetada nas relações entre dois homens? Pensamos que não...
Vera Moris 
São Paulo, 31 de agosto de 2016

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