A primeira reunião do grupo de pais em São Paulo neste ano de 2011, o quarto ano de nosso funcionamento nesta cidade, foi sábado, dia 29 de janeiro. Como sempre, foi bastante calorosa e o tema central versou sobre a revelação para filhos, com alguns depoimentos sobre angustias e tristezas relativas ao período das festas. A maioria dos pais vive conflitos associados ao divórcio desde que se assumiu em relacionamento homoafetivo e por isso as festas no final de ano podem estar cercadas de momentos difíceis; o pai pode se sentir só e distante de filhos e da antiga família.
Os pais levantaram suas experiências e pontos de vista com relação à revelação de sua homoafetividade para seus filhos. Alguns pais, cujos filhos estão na fase de adulto jovem e que nunca tocaram nesse assunto porque não pensavam ser necessário, acreditam que hoje estão mais abertos e poderiam conversar sobre isso, entretanto seus filhos parecem não querer enfrentar essa conversa mais; é como se não houvesse mais vontade dos filhos saberem, como se preferissem ficar com aquela antiga imagem de seu pai. Os que contaram para os filhos mais novos, ainda crianças, alguns até recentemente com filhos já adolescentes, descrevem que sentem muito alívio e confirmam que tiraram um peso de suas costas. Contar para filhos sobre a homoafetividade por parte do pai é uma necessidade ou não daquele pai; o filho e a necessidade dele saber é algo que ainda é obscuro para esses pais. A explicação dos pais é a grande vontade de proteger os filhos e uma necessidade de não levar para eles uma preocupação que poderia fazê-los sofrer. Essa justificativa é frequente para o pai que assumiu sua homoafetividade mais tardiamente e pode mantê-lo não revelado para seus filhos por um longo tempo. Isso pode ser protetor ou não e sem dúvida desvela um grande medo, prolongando por mais tempo um sofrimento para ambos.
Sabemos que a revelação para filhos deve ser elaborada e planejada, sendo mais indicada em idade precoce, antes da adolescência. Entretanto cada situação é única; cada pai precisa avaliar se quer falar, como falar, qual o momento mais adequado e deve construir sua forma de conversar com aquela criança.
Estar com os demais integrantes do grupo promove uma oportunidade de falar sobre seus sentimentos, de se sentir apoiado, compreendido. Escutar a história de outro pai é também uma forma de não estar só, de se sentir igual ao outro, de poder até mesmo ajudar o outro com sua própria história, com seu jeito peculiar de solucionar problemas semelhantes e comuns à homoafetividade do pai.
Os encontros do grupo de pais - que acontecem no segundo e quarto sábado de cada mês - pretendem aprofundar essas e outras discussões que são comuns ao homem que é pai e que se mantém em relacionamento homoafetivo. O grupo é aberto e pode receber à cada reunião novos integrantes.
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